segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

TODOS NASCEMOS PARA RESPEITAR E SER RESPEITADOS


“Há uns dias estava com um grupo de amigos, onde um dos elementos pediu para falar sobre a diversidade de opiniões que estava a haver sobre determinado assunto. É verdade que os membros do grupo não estavam em sintonia em relação a algumas questões e a conversa estava a levar um rumo um pouco indesejado, visto o desrespeito pelas opiniões estar a vir ao de cima. Neste contexto o “João”, vamos chamar-lhe assim, durante a sua intervenção disse esta frase maravilhosa que passo a citar: “todos nascemos para respeitar e ser respeitados”. Todo o grupo ficou sem palavras ao ouvir semelhante sabedoria. Hoje, passados já alguns dias, dou‑me a pensar sobre estas palavras e vejo-me com uma questão em mente: será que para respeitar os outros me devo calar?

Acho que não. No mundo em que vivemos, somos constantemente colocados em situações onde temos que agir de uma forma politicamente correcta nem que para isso, eu tenha que me mascarar de outra pessoa para ficar bem visto, vivendo por dentro de uma forma totalmente contrária.

Para respeitar os outros, para respeitar as suas opiniões, pontos de vista não precisamos de calar os nossos; para isso é preciso treinar o mundo para esta atitude, visto a lógica social ser: “eu é que sei, eu é que tenho razão”. Actuando desta forma não vamos respeitar quem nos rodeia. Os seus pontos de vista, não serão válidos para nós e pior ainda não deixamos que outros digam o que acham pois nós estamos continuamente “a puxar a brasa para a nossa sardinha”.

Numa dinâmica de enriquecimento pessoal a partir dos outros, tem todo o sentido o pensamento do “João”. Aquele que respeita o outro vê-se colocado numa posição de escuta, a qual bem aproveitada o leva a enriquecer-se e a poder enriquecer o outro, pois este terá também a oportunidade de escutar a nossa partilha do mesmo modo que nós. Bem sei que tudo isto pode parecer uma teoria mas acreditem que não o é. Falo disto como uma experiência vivida e fomentada.

Eu sei que falar ao mundo desta dura realidade é colocar o dedo na ferida; contudo, sinto-me impelido a fazê-lo, quanto mais não seja a si, Sr. Cristão.

Suponho que não se deve ter esquecido do único mandamento que o nosso querido Nazareno nos deixou. Pelo sim, pelo não eu lembro-o: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos Amei”.

Eis o segredo para o nosso sucesso. Este Amar não é um amar entre corpos, é sim um Amar entre pessoas. Eu passo a explicar:

- Amar à flor da pele, todos são capazes; este amar não implica mudanças de atitude, não nos coloca em causa, é um amar, digamos, politicamente correcto.

- Amar nas ocasiões é também politicamente correcto; ficamos bem vistos perante os outros mas por dentro da máscara continuamos os mesmos.

- Amar ao jeito de Jesus é deixar a máscara da nossa vida de lado, é optar a cada momento por amar, respeitar, partilhar experiências por mais que isso nos custe. É assumir um novo jeito de viver, que nos leva antes de mais a uma mudança interior que nos conduz à felicidade.

- Amar ao jeito de Jesus é estar disposto a ouvir o que não se quer e a ver uma quantas portas se fecharem à nossa frente, portas de um mundo que não aceita mudanças nem coerência de vida.

- Amar ao jeito de Jesus é viver no respeito pelos outros sem que para isso seja preciso calar-me. Já não é preciso impor a nossa opinião visto estarmos disponíveis ao crescimento.

Como vê Sr. Cristão, muitos de nós ainda estamos longe de viver assim, de viver cada dia, cada hora, cada minuto tendo presente o objectivo de ser feliz coma ajuda do que está ao meu lado, de crescermos juntos num sentido que valha a pena. Estamos longe de deixar de viver em função da imagem a dar ao mundo e passar a viver em função do Homem Novo para um Mundo Novo.

Já passaram mais de dois mil anos e ainda estamos assim, tão pobres, contentando-nos em viver à flor da pele. Não vamos perder um único dia mais. Um Mundo Novo chama por nós.”

Luís Sousa